Imagem com verde de fundo com escritos na tela e imagem de uma modelo com glitter dourado.

Você sabia que o glitter utilizado por praticamente todos os foliões são micropartículas feitas de plástico e que o descarte incorreto desse material afeta diretamente o oceano e a vida marinha? Saiba como sair brilhando no carnaval de forma consciente em alguns passos.

De onde vem o glitter?

Desde o período Paleolítico o brilho já era utilizado, porém, para que a civilização da época desfilasse brilhando, a mica branca, um tipo de pedra brilhante era utilizado. Mas somente no século XX começamos a ter contato com o glitter que conhecemos hoje. 

Reprodução: Google.com

Você sabia que a palavra glitter surgiu a partir do nórdico antigo “glitra” que significa brilhar? A palavra foi utilizada pela primeira vez no século XIV. 

Mas apenas no ano de 1934, nos Estados Unidos, o glitter que vemos hoje em dia foi criado. O maquinista Henry Ruschmann encontrou uma forma de triturar grandes quantidades de plástico criando então o glitter e a purpurina. Devido ao grande sucesso deste novo produto, no mesmo ano a empresa Meadowbrooks Inventions foi criada e atualmente é considerada a maior produtora, distribuidora e exportadora de glitter no mundo. 

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A partir da década de 60 o glitter se fez cada vez mais presente no cotidiano da população através da indústria da moda e beleza

Glitter x o meio ambiente

A época mais brilhante do ano chegou e o acessório mais procurado para curtir todas as festas de carnaval é ele: o glitter. Desde o início do mês, bloquinhos, festas e outras comemorações já são organizadas por foliões que não veem a hora de colocar a fantasia e sair brilhando por aí. Porém, nem todos pensam em como descartar o glitter de forma consciente ou menos agressiva ao meio ambiente quando chegam em casa. 

Por ser feito de micro partículas, o material não consegue ser filtrado pelo tratamento de esgoto e assim os brilhos que são retirados do corpo e rosto escorrem pelo ralo com destino aos rios e mares. De acordo com o jornal Folha de São Paulo, no Estado existem apenas duas estações de tratamento de água que são capazes de reter os microplásticos, contra 26 que não possuem tal tecnologia. 

Pelo plástico ser o maior poluente do oceano, essas partículas já começam a afetar a vida marinha desde os plânctons e mexilhões. 

De acordo com estudos realizados por Trisia Farrelly, especialista em ecologia urbana pela Universidade de Massey, esses organismos – plânctons e mexilhões – tem seu desenvolvimento afetado e isso reflete diretamente na cadeia alimentar, uma vez que eles servem de alimento aos peixes e os peixes fazem parte da alimentação humana.

Descarte incorreto de materiais plásticos

O glitter, por exemplo, além de ser composto em sua maioria por plástico, possui em sua composição alumínio, dióxidos de titânio, óxidos de ferro e oxicloretos de bismuto além da tinta para que os mesmos fiquem com seus tons metálicos e refletivos. Como nenhum destes produtos pode ser passar por processos de reciclagem e carregam consigo diversos produtos químicos, estima-se que a decomposição do glitter chegue em 400 anos

Os plásticos em geral estão presentes em muitos outros produtos e levantam muitas preocupações, uma vez que estima-se que apenas em 2018 foram produzidos cerca de 359 milhões de itens plásticos e pelo menos metade tenha sido para utilização única. 

Não é muito difícil de encontrar em rios e oceanos pequenas “ilhas” que se formam pela junção de diversos itens plásticos e vão se movendo com as correntes marinhas. Um local onde é possível visualizar estes tipos de poluentes é no Oceano Pacífico, o trecho é local de encontro de resíduos de materiais de pesca como linhas de nylon, redes, armadilhas e logicamente, as garrafas pet. 

O volume chama atenção, mas um fato preocupante é que eles representam apenas 6% do volume que pode ser contabilizado no local, sem considerar toda a extensão marinha. Ou seja, os demais 94% – deste trecho do oceano – são microplásticos que podem ser resultado da degradação de outros artigos plásticos, cosméticos e o glitter

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Como descartar o glitter de forma menos agressiva

Tomando alguns cuidados você pode aproveitar os bloquinhos, festas e amigos na data tão esperada pelo brasileiro, que é o carnaval. Separamos algumas dicas de como tornar essa etapa menos agressiva com o meio ambiente:

  • Para que você consiga tirar todo o brilho de uma forma fácil e assim conseguir direcionar os resíduos ao lixo comum, você pode passar talco antes da aplicação do glitter na pele; 
  • Ainda ficou alguns resquícios do glitter no corpo? Você pode pegar um fita de esparadrapo, aplicar e pressionar suavemente nos locais onde estão as partículas; 
  • Para retirar o brilho do rosto que é uma das parte mais sensíveis do nosso corpo, você pode utilizar um algodão umedecido em demaquilante e passar suavemente nos pontos com glitter; 
  • Se você prefere alternativas ao glitter comum, viemos com notícias de que é possível, algumas empresas já fazem glitter biodegradável a base de matérias primas vegetais como a celulose que se dissolve naturalmente. Outra opção é o pó de mica, que é produzido através de um tipo de rocha que inclui diversos minerais, ou seja, após o seu uso não há problemas em voltar de onde veio;

Sabemos que abolir o glitter, o brilho e a sensação que ele gera é difícil. Mas não podemos esquecer que todo esse brilho ficará por anos e anos colocando em risco a vida marinha e todos aqueles que precisam dela para sobreviver, inclusive, nós. Tomar alguns cuidados na hora de descartá-lo é fácil e não custa nada. 

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